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Foto do escritorVictor Taouil

A Sociedade da Neve: filme tem passaporte direto para grandes premiações


Você já pensou nas chances de sobreviver a um acidente aéreo? Ínfimas, né? E se, após o acidente aéreo, ainda seja necessário sobreviver 72 dias na remota cordilheira dos Andes. Parece ficção, não é mesmo? A Sociedade da Neve, filme inspirado no livro de mesmo nome do escritor Pablo Vierci, traz a história dos sobreviventes de um acidente aéreo ocorrido nos Andes, em 1972. As filmagens foram feitas na Espanha, Argentina, Uruguai e Chile. 


O filme do cineasta espanhol Juan Antonio Bayona é o escolhido para representar a Espanha no Oscar 2024 e chega ao catálogo da Netflix apenas dia 4 de janeiro, mas já conferimos o lançamento nos cinemas. Vem saber o que achamos!


O enredo

Um time uruguaio de rugby tem viagem marcada para Santiago (CHI). Na sua maioria jovens, quarenta e cinco pessoas partem, dentro de um avião da força aérea uruguaia, de Montevidéu a Santiago. O entusiasmo é enorme, os jovens estão ansiosos para aproveitar a viagem. 




Tudo muda quando, ao atravessar a cadeia de montanhas dos Andes, o avião colidiu em uma montanha, partindo ao meio a aeronave. Como você pode imaginar, muitas pessoas morreram já na colisão. No entanto,  as que estavam na parte dianteira do avião sobreviveram, mais exatamente 33 pessoas. A partir daí inicia-se uma verdadeira luta pela sobrevivência. Há feridos, não há roupa o suficiente para suportar o frio, não existe comunicação e a comida é escassa. 


A cada dia que passa, o número de sobreviventes vai ficando menor e medidas extremas são tomadas para que os que ali estão continuem vivos.


O que achamos

Iniciamos esse parágrafo falando sobre a capacidade do filme trazer angústia e sofrimento. São 2 horas e 23 minutos de um verdadeiro mergulho dentro da experiência vivida. O longa se passa na maior parte do tempo no local do acidente, não dando muita margem para explorar o que ocorria fora do “vale das lágrimas”. Esse elemento, além de fazer com que o espectador fique “preso” no local do acidente, fez com que as relações pessoais dos envolvidos fossem bem exploradas. Entretanto, ao mesmo tempo em que a história se aprofunda nessa relação, a existência de um narrador onisciente (um narrador que tem total conhecimento de personagens e fatos), traz uma sensação de grupo para os sobreviventes, como se todos ali fossem um único. Com certeza esse é um dos grandes diferenciais do filme, a ideia de que todos ali passaram pelas mesmas situações e, em grupo, tiveram que batalhar para sobreviver. 



O filme é muito bem produzido, as imagens são belíssimas e retratam bem a dimensão da cadeia de montanhas e a imensidão de neve que o grupo teve que enfrentar. É incrível como, ao decorrer da história, é possível identificar os personagens emagrecendo e a fotografia sendo cada vez mais destaque. Um elemento crucial na narrativa é a existência de registros fotográficos ao longo dos 72 dias. Cada vez que alguém tira uma foto, o espectador é relembrado de que aquilo ali realmente aconteceu e sente uma ânsia de comparar as fotos tiradas no filme com as reais (mostradas ao final). 



Além de tudo o que já foi escrito acima, temos que enfatizar o realismo que foge daquela ideia de heroísmo e de filmes catastróficos, Bayona foi capaz de narrar uma história real e extremamente difícil de uma forma muito fidedigna. Não podemos deixar de destacar também o respeito às vítimas e aos envolvidos no acidente. O filme, segundo Vierci, conta com a anuência de todos os sobreviventes e enlutados. Em depoimento à AFP, Daniel Fernandez Strauch, um dos sobreviventes do acidente, diz: "Neste longa as pessoas vão entender o que passamos”.



A Sociedade da Neve é um longa intenso do início ao fim, um turbilhão de emoções atinge o público. Ao mesmo tempo que existe tristeza pelo ocorrido, também há angústia e tensão para que venha logo o dia seguinte e o resgate consiga chegar. No final é impossível não ir às lágrimas com o reencontro dos familiares. Taí um filme que entra forte na briga dos candidatos ao melhor filme estrangeiro no Oscar 2024, pois já está concorrendo ao Globo de Ouro 2024 na categoria de Melhor Filme de Língua Não-Inglesa.


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