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Foto do escritorFabrizzio Laroca

Anéis de Poder 2ª temporada acerta em cheio no poder do fracasso


Anéis de Poder 2ª temporada acerta em cheio no poder do fracasso

Na primeira semana de Outubro chegou ao fim a segunda temporada de Anéis de Poder, a série baseada no universo criado por Tolkien em Senhor dos Anéis. A saga, que promete contar a história da Segunda Era da Terra Média, chega na sua segunda temporada, precisando se provar para o público, depois de uma aceitação relativamente baixa na sua temporada de lançamento.


E no fim das contas, Anéis de Poder, convence quem já tinha se sentido atraído pela série e não atinge aqueles que nunca se interessaram.  A segunda temporada está longe de ser a melhor coisa já feita no universo de Tolkien, mas sem dúvida alguma, é extremamente superior à primeira. É como se os produtores e roteiristas tivessem visto os erros cometidos na primeira temporada, e corrigido (talvez um pouco às pressas, falarei sobre isso mais tarde) cada pequeno tropeço, cada tempo de personagem e principalmente, em qual arco deveriam focar.


E bom, sem mais delongas, vem conferir os motivos para tudo isso.


Uma sequência desenfreada

Depois de uma temporada inteira trabalhando todo o prólogo da história que queríamos ver, essa segunda temporada de Anéis de Poder resolve colocar todas as suas histórias em prática de uma só vez. 


Quando finalmente temos os 3 Anéis de Poder dos elfos, logo vemos Sauron virar Annatar e colocar em prática seu plano para convencer Celebrimbor a forjar os 7 anéis para os anãos e mais tarde, os 9 anéis para os homens. Além disso, vemos Dúrin, Disa e o reino de Khaza-Dûm lutar contra forças das trevas, vemos a traição de Al-Pharazôn para tomar o trono de Númenor e vemos Adar avançando com suas tropas para Eregion, isso tudo em 4 episódios.



Eu entendo a ânsia em contar uma história, entendo o fator de agilidade que a série estava pedindo e aceito que isso seja um motivo para a série trazer tantos arcos a serem contados, mas aceito isso desde que essa velocidade não atrapalhe a forma como essa história é contada. Sinto que muitos acontecimentos podiam ser explorados com maior profundidade, muitos desses arcos que foram jogados em tela para preencher uma lacuna e fazer a história seguir. Mas poderiam muito bem ter enriquecido essa história no final, para que quando chegássemos ao fim, não ficasse essa sensação que tive, de que apenas dois dos sete arcos da série, tiveram a devida atenção e esmero dos produtores. 


A série é de Annatar

Anéis de Poder 2ª temporada acerta em cheio no poder do fracasso

Depois de uma temporada inteira acompanhando a trajetória de Halbrand, para então reconhecermos o mesmo como sendo Sauron, começamos a segunda temporada, conhecendo sua segunda faceta, a de Annatar, O senhor dos presentes, aquele que convence Celebrimbor a forjar os anéis. E aqui, temos na minha opinião, o ponto alto da série.


Annata, enriquece muito aquele Sauron já visto durante os filmes de O Senhor dos Anéis, pois mostra de forma exemplar, a mente sagaz e ardilosa do Senhor da Escuridão, dando muito valor para a ideia de que um dos elfos mais inteligentes da Terra-Média, foi enganado pelo Senhor Sombrio para forjar não um, nem dois, mas simplesmente 16 anéis de poder. Esse arco é facilmente um dos melhores pois a série mostra Annatar com os ardis mais astutos possíveis, mexendo com a mente e principalmente com o ego de Celebrimbor, para fazer com que aos poucos, ele ceda às suas vontades. Aceitaria facilmente uma série focada somente nisso, tão grande foi o impacto dessa relação entre os dois na série.


A derrocada de Khaza-Dûm

Se de um lado temos Sauron sendo ardiloso, do outro temos a doçura áspera de Dúrin e sua relação complicada com seu pai, o Rei Durin III, que em momentos de desespero, resolve tomar medidas desesperadas, aceitando a oferta de Celebrimbor e trocando Mithril por 7 anéis de poder, despertando no rei, extrema ganância, que viria a ser o motivo de sua ruína.


Todo o arco de Khaza-Dûm, além de ter uma estética incrível e uma cultura apresentada de forma muito rica, reforça com muita convicção a influência maléfica dos anéis de Sauron, trazendo assim muito mais peso para todo o arco na capital de Eregion e conversando com toda a história que está sendo contada pela série.



O Estranho cada vez mais estranho

Gostaria muito de dizer que o arco do Estranho, que muitos acreditam ser Gandalf, é um arco necessário e importante durante essa temporada, mas a verdade é que se tiramos todas as cenas dele e das pequenas hobbits Nori e Papoula, pouca falta faria para toda a história a ser contada. A impressão que tenho, é que alguns arcos só ficaram na série, pois precisavam aparecer, já que foram pouquíssimo aproveitados.


No fim das contas, esse arco brilha com grande intensidade quando na presença de Tom Bombadil, com diálogos riquíssimos e reflexões profundas, mas se apaga em trevas profundas quando sai desse núcleo.


Nem sempre o povo sabe o que quer

Bom, algumas cenas ficaram absolutamente avulsas dentro da série e é aqui que eu gostaria de falar sobre essa temporada ter tido algumas coisas corrigidas às pressas. Aparentemente, essa temporada teve diversas cenas cortadas e diminuídas para agradar àqueles que se incomodaram com alguns núcleos durante a primeira temporada. Personagens como Arondir, Isildur e o Estranho, tiveram seus arcos deixados de lado, fazendo com que arcos como o de Eregion e Khaza-Dûm se sobressaíssem. Outros arcos, como o de Adar, Galadriel e Elrond, tiveram uma melhora significativa, mas ainda ficam no meio do caminho, apesar de terem quase o mesmo tempo de tela que os outros 2 arcos.

Anéis de Poder 2ª temporada acerta em cheio no poder do fracasso

Por fim, o arco de Númenor une o pior entre os dois mundos, com bastante tempo de tela e uma execução deplorável. Toda a trama política de Númenor parece uma grande novela da Record, essa é a verdade. Com personagens sem carisma algum, uma história acelerada e sem construção uma coerente, Númenor merece sua ruína. Elendil é o único personagem carismático que se salva dentro desse templo de personagens sem alma, que Elendil fuja para a Terra-Média e deixe todo o resto desabar.


No final a luz brilha

Representada pela luz da Galadriel renascida, o final da temporada traz belas mensagens, além de um potencial enorme para a terceira temporada e uma demonstração de carinho pela obra que surpreende. Que os roteiristas e produtores trabalhem em suas histórias da forma que trabalharam com Annatar, e deixem de lado a necessidade de agradar a todos. Por fim, o saldo da temporada é positivo, pois mostra que até mesmo no fracasso, existe oportunidade para se reerguer, basta dar tempo para aquilo que precisa de tempo.


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