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Foto do escritorFabrizzio Laroca

"Até que a Música Pare" é a história que sai do nada para lugar nenhum

A convite da Pandora Filmes assistimos ao drama brasileiro “Até Que a Música Pare”, dirigido por Cristiane Oliveira, indicado para o Festival Rio de 2023. O longa, estrelado por Hugo Lorensatti e Cibele Tedesco, que fazem parte do grupo teatral Miseri Coloni, de Caxias do Sul, vem representar um pedacinho da tradição e a cultura dos imigrantes italianos. Vem ver o que a gente achou!

"Até que a Música Pare" é a história que sai do nada para lugar nenhum

O enredo

Um casal gaúcho, se vê em uma situação delicada depois da perda recente de um de seus filhos, quando percebem que estão se perdendo no luto e Chiara (Cibele Tedesco) começa a acompanhar Alfredo (Hugo Lorensatti), seu marido em suas viagens como caixeiro viajante, juntamente com a companhia de Filomena, a mais nova tartaruga do casal, que os acompanha como parte importante de todo esse processo. Um processo de luto, como tudo o que nos é apresentado durante o longa, uma grande analogia ao processo de luto.


A cultura pela cultura, se sustenta?

Esse é o tipo de filme que nos leva a perguntas polêmicas, perguntas essas que podem causar desconforto para as pessoas ligadas ao que o filme está contando. Mas de fato, a cultura se sustenta por si só? Ou é preciso mais? Essas foram algumas questões que me afligiram durante o decorrer do filme e depois da experiência que tive assistindo ao longa, devo dizer: dificilmente um filme se sustenta em apenas um pilar. 

"Até que a Música Pare" é a história que sai do nada para lugar nenhum

É complicado, falar sobre esse filme sem falar da execução, pois o longa sul-coreano “Minari - Em Busca da Felicidade”, que trata de uma temática de forma extremamente parecida, focada mais no contemplativo e na cultura de seus personagens, obteve extremo sucesso em sua jornada. Mas isso se deve ao fato de não se apoiar apenas na cultura, como também na execução, na emoção e nas capacidades técnicas elevadas dos envolvidos. E a verdade é que não tive a oportunidade de ver nem ao menos pequenos lampejos de brilhantismo nesses aspectos enquanto assistia a “Até Que a Música Pare”.

"Até que a Música Pare" é a história que sai do nada para lugar nenhum

Qual é o rumo que o cinema brasileiro está levando?

Existem filmes e filmes, acredito que produções como essas são extremamente importantes para manter a cultura de uma região do país, mas gostaria de ver mais longas como esse, serem produzidos com mais tecnicidade e profundidade, que usem da cultura como suporte para contar uma história, e não o contrário.

Um aplauso merecido

Mas os créditos precisam ser dados, quando a questão é fotografia e cenografia. Desde o primeiro frame do filme, a cena já GRITA “Brasil”. Com todos os elementos de cena, de forma muito singela e natural, a ambientação conta com extrema facilidade o tipo de casa do interior sulista, com elementos presentes com tanta intensidade nas famílias de colônias, sejam elas holandesas, italianas e alemãs. Sem dúvidas esses elementos são algo louvável dentro de toda a produção, de fato.

"Até que a Música Pare" é a história que sai do nada para lugar nenhum

O nosso veredito

Sinceramente, esse é um filme difícil de desenvolver uma narrativa, pois é um filme contemplativo, que se apoia apenas no sentimento e na proximidade com a cultura. Não tenho dúvidas de que o filme pode ser marcante e muito profundo para aqueles com conexão intensa com a cultura dos imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, mas sem essa conexão, sobram apenas cenas vazias e com uma atuação que deixa muito a desejar, principalmente nos momentos de talian, o dialeto ítalo-brasileiro utilizado na região. Essa é uma daquelas histórias que tem a intenção de ser filosófica e introspectiva, mas por sua execução, se torna apenas algo vazio e sem impacto. O que traz um pouco de cor e vontade pro filme, é a fotografia e a iluminação, que conversam muito bem. Por fim, Até Que a Música Pare não está nem perto dos filmes brasileiros que vi nesse ano no quesito qualidade, esperava mais.


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