Besouro Azul é, talvez, um herói de 3ª prateleira da DC. Quando seu filme foi anunciado, ainda antes de James Gunn e Peter Safran assumirem os rumos do universo da DC, e com sua história trazendo a versão vivida por Jaime Reyes, a impressão que ficou é que seria um filme tão somente para agradar o público latino. Para o papel principal Xolo Madrueña de Cobra Kai foi escalado, e, surpreendendo a todos, Bruna Marquezine fez sua estreia em Hollywood ao viver Jenny Kord, co-protagonista do filme. A seguir vamos falar sobre esse filme, que marca o início da era Gunn-Safran na DC.
É o típico filme de origem
Uma coisa que tem que ficar clara é que esse filme pouco se arrisca em seu roteiro. Todos os elementos típicos do monomito do herói estão presentes nele e de forma bem linear, desde a conquista dos poderes e sua negação, até a sua aceitação, passando é claro, pelo aprendizado de como usá-los. Não é algo necessariamente negativo, já que o torna em um filme funcional. O grande problema, na verdade, são os antagonistas Victoria Kord (Susan Sarandon) e Carapax (Raoul Trujillo), que são fracos e pouco memoráveis, já que são bem unidimensionais, com poucos backgrounds para desenvolvê-los.
É um filme contido em sua escala
Apesar de ser pouco ousado no roteiro, pelo menos em termos de construção de história, um dos pontos fortes é o fato dele ser contido. Não há uma ameaça global e nem mesmo um raio azul que irá acabar com o mundo, mas as ameaças oferecidas ao herói são muito mais próximas de sua realidade e envolvem sua família. Quando arrisca uma macroescala, a ameaça passa a ser uma hipótese que envolve a política de exércitos privados das forças armadas americanas. E até por isso, ele entrega um dos melhores CGI dos filmes de heróis, muito ajudado também pelos efeitos práticos.
A latinidade é o seu grande tempero
O que torna esse filme único e em certa medida é a latinidade presente nele. Ela não foi usada somente para atrair este público e nem mesmo de forma estereotipada. Ao trazer toda uma família latina, e mexicana para ser mais preciso, para o centro, o roteiro também traz sua cultura, seja na excelente trilha sonora até referência a Chapolin Colorado, bem como os problemas vividos por essa população imigrante, como a imigração ilegal e a contratação para subempregos. Há também que se destacar a grande quantidade de diálogos em espanhol presentes no filme. Outro ponto que reforça esse latinismo é a transformação da personagem da Bruna Marquezine em brasileira.
As atuações roubam a cena
O grande mérito desse filme, entretanto, são as atuações. Xolo Madrueña entrega uma atuação à altura que um protagonismo exige, conseguindo flutuar bem entre a ação, drama e humor bem como já fazia em Cobra Kai. George Lopez, que vive o tio Rudy, é outro que rouba a cena com o seu típico e excelente tempo cômico. Marquezine, por sua vez, faz uma excelente estreia no cinema americano, trazendo um inglês impecável e que transmite tranquilamente suas emoções. É uma pena que o roteiro não permita que outros atores explorem todo o seu talento, como é o caso de Harvey Guillén.
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