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Foto do escritorArthur Ripka Barbosa

Clube Zero é uma verdadeira aula sobre a pós-verdade

Atualizado: 30 de abr.


Clube Zero é uma verdadeira aula sobre a pós-verdade

Indicado à Palma de Ouro de Cannes, “Clube Zero” é um drama que tem em seu âmago a  crítica à pós-verdade, uma das maiores questões filosóficas atuais e que desafia (pelo menos na mente dos que acreditam nela) fatos e leis naturais, desde os mais consolidados como o formato da Terra e a eficiência de vacinas, até os mais complexos, como as ciências sociais, a favor de crendices e opiniões pessoais. A convite da Pandora Filmes pudemos ver o filme, que estreia dia 2 de maio nos cinemas brasileiros, e aqui você confere o que achamos dele.


A história

Clube Zero é uma verdadeira aula sobre a pós-verdade

Em uma escola de elite britânica, que tenta quebrar a tradicionalidade escolar, a famosa nutróloga Ms. Novak (Mia Wasikowska) é contratada para ensinar alguns alunos como comer de maneira consciente. Atraídos por suas mais diversas questões relacionadas  à alimentação, desde a questão socioambiental, doenças pré-existentes e distúrbios alimentares, os alunos se envolvem cada vez mais com a professora e suas teorias obscuras, comprometendo assim, as demais partes de suas vidas.



É uma grande crítica

Clube Zero é uma verdadeira aula sobre a pós-verdade

“Porque provar algo cientificamente que sabemos que dá certo”. Essa frase de Ms. Novak coloca em evidência o que o filme busca criticar: a pós-verdade. Jessica Hausner e Géraldine Bajard, roteirista do filme (Hausner também dirige o longa), utilizam de um conhecimento básico para fazer sua metáfora: o fato de que se alimentar é essencial para sobreviver. Numa sociedade que  ignora fatos científicos e que as emoções e crenças particulares se tornaram mais importantes, os roteiristas mostram como o escalonamento de falácias soam como verdades absolutas e que seu lastro é tão somente a crença, e eles ousam ainda mais colocando todo esse contexto em um ambiente de propagação de conhecimento científico, que é a escola. Além disso, o roteiro também é muito eficaz em mostrar como as redes sociais são a principal porta de entrada para o consumismo dessa pós-verdade, bem como da vergonha na admissão do erro de outrora ter confiado e negligenciado a evolução dela.


A parte técnica deixa a desejar em alguns momentos

Clube Zero é uma verdadeira aula sobre a pós-verdade

Apesar de conseguir se aprofundar bem na sua metáfora quanto à pós-verdade, o roteiro não é um dos mais primorosos já feitos, apostando muito mais no choque do espectador do que envolvendo ele com os personagens. A direção de Hausner também não se destaca, com a diretora buscando muitos movimentos de câmera com ela fixa, como por exemplo, constantes close-ups repentinos nos atores e giros no próprio eixo. O que se destaca da parte técnica, entretanto, é a maquiagem, que vai gradualmente mostrando a deterioração da saúde dos alunos, e as atuações de todo o elenco, que consegue passar fidedignamente toda relação de manipulador e manipulado.



Veredito

“Clube Zero” é um filme que não é simples de assistir. Com um ritmo mais lento e voltado aos conflitos, ele pode se tornar uma experiência maçante para quem não gosta ou então não está acostumado com filmes assim. Porém, a história e toda a metáfora aqui explicada são atrativos, tornando-o um bom filme para se assistir.


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