Damos início a esse período que todo cinéfilo ama, o período de premiações, quando analisamos os indicados. Em um ano que tivemos lançamentos como Duna 2, Rivais, Ainda Estou Aqui e A Substância, Conclave consegue fazer algo que parecia impossível, ser ainda melhor que seus concorrentes. O filme tem previsão para ser lançado aqui no Brasil apenas em 23 de janeiro de 2025, mas nós já conferimos a produção.
O enredo
A produção é baseada no livro de 2016 do romancista britânico Robert Harris e como o nome do filme já denuncia, a produção acompanha o Conclave, uma cerimônia que acontece após a morte do Papa, é quando o sacro colégio de cardeais se reúne para eleger um novo pontífice. Para ser eleito, o escolhido precisa receber dois terços do total de 120 votos, sendo que nenhum cardeal pode se abster do voto, nem votar em si mesmo. Falando assim parece um filme entediante que mais uma vez vai exaltar a igreja católica, mas o que acontece com certeza não é esperado por quem está assistindo.
Sobre o roteiro
Inicialmente Conclave se destaca pela fotografia, a beleza dos enquadramentos, da arquitetura, das vestimentas dos cardeais, por meio das imagens e da trilha sonora, que também é impecável, conseguimos ver e sentir a grandeza da igreja católica, mas combinado a isso temos um roteiro extremamente inteligente e sagaz. O intuito do filme é nos deixar com uma reflexão que vai durar dias ou meses, vai causar discussão na mesa de jantar e na roda de amigos, e posso dizer por mim que isso aconteceu mesmo.
A beleza de Conclave é mostrar o lado político da igreja católica, por trás da eleição de um novo Papa temos diversas questões que ganham destaque, apesar de cada cardeal estar ali para defender uma religião, todos são humanos, ou seja, nós humanos somos acompanhados de ambições, corrupção e egoísmo, e não é diferente com os cardeais, padres, freiras e tantos outros representantes da igreja. Se tornar Papa significa muito mais do que ser porta-voz da igreja católica, significa ser uma das pessoas mais famosas e influentes do mundo, quem não se sente atraído por esses benefícios?
A mensagem que Conclave nos passa é muito clara, existem homens bons, mas eles não estão por toda parte, grande parte das pessoas está defendendo seus próprios interesses e fará de tudo para conseguir o que quer, pode ser que a pessoa que você mais julga como correta, seja exatamente aquela que você mais temia e discriminava. É difícil falar sobre o roteiro sem dar spoilers, mas a verdade é que cada fala, cada cena, é construída milimetricamente para nos fazer refletir e pensar não só sobre religião, mas sobre absolutamente tudo que envolve pessoas. O final é com certeza a cereja do bolo que tenta encerrar essa discussão que foi aberta, mas que na minha opinião nunca será fechada.
Sobre o elenco
É difícil citar um protagonista para este filme, a verdade é que o elenco todo está tão bem preparado e alcança um nível tão alto que não há um deles que se sobressai, talvez Ralph Fiennes e Stanley Tucci merecem um elogio maior por terem mais tempo de tela, mas o elenco inteiro é espetacular, desde o ator que interpreta o personagem com apenas uma fala até os atores que interpretam os personagens de maior destaque, é por isso que a categoria de melhor elenco é tão necessária e entrará no Oscar em 2025.
Nosso veredito
Conclave está concorrendo a seis categorias no Globo de Ouro 2025 e ONZE categorias no Critics' Choice Awards, ou seja, ele não está ali por um acaso e pode ser um dos favoritos ao Oscar 2025, capaz de desbancar filmes que parecem inicialmente fortes. Vale a pena esperar para conferir essa obra nos cinemas!
Comments