O tão aguardado “Furiosa: Uma Saga Mad Max” chega hoje aos cinemas e a convite da Warner Bros. assistimos antecipadamente o lançamento em IMAX. Confira nossa crítica!
O enredo
Furiosa é um prelúdio de “Mad Max: Estrada da Fúria”, e conta a história da Imperatriz Furiosa, acompanhamos então a jovem em uma busca incessante por vingança. A Imperatriz conhece Dementus ainda criança, o líder deixou cicatrizes profundas em Furiosa e agora ela quer retribuir, logo ela conhece Immortan Joe, responsável pelas cidadelas, mas que pode ajudá-la a se vingar e voltar para sua casa.
O roteiro diz tudo e nada ao mesmo tempo
Vamos combinar que filmes de ação nunca precisam de um roteiro elaborado, mas um básico bem feito, até porque o intuito dele é realmente a ação em si, o problema de Furiosa é que George Miller quis expandir tanto o universo Mad Max que acabou se enrolando em suas próprias ambições. No início acompanhamos Furiosa ainda criança vivendo com sua mãe em um local de abundância, assim como ela esperava encontrar no final de Estrada da Fúria, logo vemos ela sendo capturada por Dementus, sua mãe segue os rebeldes na esperança de resgatá-la, mas é brutalmente morta por Dementus, começa aí uma caçada em busca de vingança. Furiosa então conhece as cidadelas, lideradas por Immortan Joe, ela decide se infiltrar no exército de homens na esperança de usar a seu favor os recursos do local e assim executar Dementus e voltar às suas origens.
Seria ótimo se o roteiro não tivesse inserido mais mil e uma coisas, tornando assim a história rasa e confusa. Diferente de Estrada da Fúria, onde temos um roteiro que flui muito bem, aqui o diretor optou por dividir o filme em capítulos, e a cada capítulo há uma quebra de ritmo e história. A produção parece focar muito mais em Dementus do que em Furiosa, muitas vezes você pode até esquecer que o filme é sobre ela. Há também uma tentativa de criar um personagem semelhante a Max e um início de romance, Praetorian Jack foi o escolhido para isso, ele é um personagem tão raso que só serviu mesmo de muleta para algumas cenas de ação, não esperávamos ver beijos, mas não chegou nem perto do que Furiosa e Max desenvolvem durante Estrada da Fúria. Dementus é um personagem caricato, que tenta ser cômico, conferimos então a franquia Mad Max indo para um lado mais debochado, porém isso derruba todo o tom de ameaça que a saga tinha. Vemos explicações bem clichês para vários acontecimentos que envolvem Furiosa, como o fato de ela ter perdido um dos braços.
A parte técnica é o respiro
A parte técnica é tão bem feita que isso salva o filme por completo. A fotografia, os movimentos de câmera, a maquiagem, a direção de arte, tudo isso é muito bem executado, só o fato das cenas de ação serem muito mais lentas do que estávamos acostumados pode incomodar. Vemos também que George Miller saiu dos efeitos práticos e optou por usar a tecnologia avançada que agora tinha à sua disposição, mas vamos combinar, efeito prático torna tudo muito melhor, Nolan é quem diga, resolveu explodir uma bomba para usar as imagens em Oppenheimer. É claro que a essência de George Miller estava no filme, as cenas de ação estavam ali, e a experiência em IMAX melhora bastante, mas tivemos a impressão de que o diretor não queria fazer nada que tornasse Furiosa melhor que Estrada da Fúria, é como se todo o filme fosse apenas um complemento da obra de arte que ele fez em 2015 e nada mais.
Sobre o elenco
Ainda não sei dizer se gostei da atuação de Anya Taylor-Joy ao interpretar Furiosa, em boa parte das cenas ela está com a mesma expressão, tentando se comunicar apenas com o olhar, algo que Anya é favorecida graças a seus olhos expressivos e avantajados. Furiosa parecia alguém que guardava todo o ódio em seu coração, a atriz quase não tem falas e parece não sentir nada ao explodir uma bomba ou matar alguém a facadas, confesso que estava esperando algo mais visceral. Meu elogio vai para a atriz mirim Alyla Browne, que interpretou Furiosa quando criança, fez um trabalho incrível e que passou a essência da personagem para quem já acompanhava a saga. Já Chris Hemsworth foi quem carregou o filme nas costas, apesar de seu personagem ser muitas vezes duvidoso, por tentar ser cômico, ele pareceu estar confortável e nos deu um bom trabalho, surpreendendo a todos.
George Miller não quer superar Estrada da Fúria
Durante todo o filme notamos vários pontos e detalhes que unem Estrada da Fúria e Furiosa, desde detalhes no cenário, personagens, o que é um prato cheio para os fãs do último filme da saga, e sabemos que não foi por acaso que George Miller fez essas ligações e expansão de universo, como Furiosa é um prelúdio, ele jamais poderia fazer um filme que superasse sua sequência, ele optou então por ficar contido em meio a tantas possibilidades que tinha para superar o filme que deu a ele seis Oscars.
Controle suas expectativas
Eu assim como outros críticos de cinema, estava acompanhando o resultado de Furiosa em Cannes, o filme foi ovacionado por seis minutos em um dos maiores festivais de cinema do mundo, claro que isso gera grandes expectativas para o lançamento e posso dizer que fiquei ansiosa para assistir.
Talvez se você não conhece o universo Mad Max ou nunca viu Estrada da Fúria, você pode até ter uma experiência melhor com o filme, mas a impressão que ficamos é que a todo momento é criado um clímax, onde o espectador aguarda uma batalha repleta de cenas incríveis, mas essa batalha esperada nunca chega, não temos também uma resolução dos acontecimentos, o roteiro anda em círculos e saímos do cinema achando que poderíamos ter conhecido muito mais de Furiosa.
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