Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania é a Marvel errando no seguro
- Arthur Ripka Barbosa
- 23 de fev. de 2023
- 3 min de leitura

Desde Vingadores - Ultimato, a Marvel tenta dar ao Homem-Formiga o mesmo destaque que ele possui nos quadrinhos, já que neles, ele é um dos fundadores da equipe. Em Homem-Formiga e a Vespa - Quantumania, o estúdio aprofunda essa relação ao introduzir o grande vilão da próxima saga dos heróis: Kang, o Conquistador, interpretado por Jonathan Majors. O filme, porém, é um retorno da Marvel ao seguro, quando deveria ser mais ousada, e a seguir explicaremos melhor porque.
Sai a comédia e entre o drama familiar

Os dois primeiros filmes de Homem-Formiga ficaram marcados pela comédia familiar de Sessão da Tarde, o que faz muito sentido, já que o seu protagonista é um dos comediantes mais queridinho nos Estados Unidos, Paul Rudd. Além dele, o elenco de apoio tinha nomes como Michael Peña e David Dastmalchian, que possuem um ótimo timing cômico. Porém, nesse filme, a Marvel abre mão de todo esse lado cômico e foca no drama familiar, ficando somente com o núcleo da família Pyn/Lang. E aqui o primeiro problema do filme acontece, já que a atriz escalada para viver Cassie Lang (Kathryn Newton), não possui uma boa química com o resto do elenco, esvaziando assim as tentativas de criação de drama.
O filme desperdiça potenciais

Ao trazer todo um novo núcleo para o Homem-Formiga, Quantumania desperdiça talentos e personagens ao longo de sua trama (com exceção do vilão, Kang). Tendo escalado Bill Murray, era de se esperar que ele tivesse uma participação mais impactante do que os cinco minutos de tela que ele teve. Outra escalação que desaponta é a de William Harper Jackson, o Chidi de Good Place, que aqui interpreta Quaz, um telepata cuja função na trama é simplesmente ser um ser que a testa brilha enquanto usa os seus poderes. Até mesmo Hank Pym (Michael Douglas) tem um papel reduzido para um aficcionado por formigas. Outra grande decepção é o vilão M.O.D.O.K, um dos vilões mais curiosos da Marvel por sua aparência, mas que aqui é utilizado como alívio cômico e tem um terceiro arco pífio. Mas a grande decepção, fica por parte do roteiro num geral, que demora para avançar na trama e joga no seguro, tanto no seu desenvolvimento quanto em sua conclusão, desperdiçando o potencial épico que esse projeto poderia ter.
Novamente, o CGI é um problema

Desde Vingadores - Ultimato, a computação gráfica tem sido abaixo da qualidade que estamos acostumados nas produções da Marvel. Claro que não podemos ignorar a pandemia, mas já foi falado que a alta demanda e os curtos prazos tem afastado empresas da área da Marvel. E nesse filme, a situação se agrava, pois 95% se passa no Reino Quântico, e ele é filmado em StageCraft, tecnologia que substitui o famoso fundo verde por um cenário digital em tempo real, o que facilita a interação dos atores com o cenário. Porém, nesse filme, os cenários são bagunças visuais, cuja assimilação demora para acontecer, complicado, assim, a experiência do espectador. Ainda há a tentativa de criar um universo similar ao de Star Wars para o Reino Quântico, com diversas paisagens e espécies.
Kang é a melhor parte do filme

Para não dizer que não há coisas boas nesse filme, temos que ressaltar o trabalho de Jonathan Majors como o vilão Kang. Em Loki já conhecemos uma de suas variantes, Aquele Que Permanece, e que havia estabelecido que o seu eu de outras realidades não eram tão piedosos como ele. Em Quantumania, conhecemos um Kang que foi banido para o Reino Quântico pelas demais variantes, já que ele erradicou as linhas temporais imperfeitas. E nessa variante, podemos realmente ver um vilão impiedoso e ameaçador, como poucos da Marvel foram. Além disso, as interações com Majors elevam as atuações dos demais, sobretudo a de Michelle Pfeiffer, nos flashbacks de quando Janet Van Dyne estava presa no Reino Quântico.
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