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  • Foto do escritorFabrizzio Laroca

O Bastardo - A meritocracia burguesa e a política corrupta

À convite da Pandora Filmes, assistimos ao filme dinamarquês O Bastardo, que chega aos cinemas brasileiros dia 12 de setembro. O longa baseado em “O Capitão e Ann Barbara” de Ida Jessen, é dirigido por Nikolaj Arcel e protagonizado pelo aclamado ator dinamarquês Mads Mikkelsen (Hannibal, Druk - mais uma rodada).


Quer saber mais? Vem conferir o novo queridinho do cinema dinamarquês!

O Bastardo - A meritocracia burguesa e a política corrupta

O cinema dinamarquês

É inevitável levar em consideração a presença de Mads Mikkelsen em uma das produções mais importantes do país (mais uma vez) e também a importância do ator para o lobby de premiações.


Bastarden! É dramático, pesado, lindo e visceral. Acredito que esse filme poderia ter passado da pré-indicação ao Oscar de 2024, pois preenche todos requisitos que a academia gosta tanto!

O Bastardo - A meritocracia burguesa e a política corrupta

Pinturas à céu aberto

Se eu pudesse elogiar apenas um aspecto deste filme, seria definitivamente a fotografia. Rasmus Videbæk dirige a fotografia deste filme de uma forma surpreendente. Os longos campos de urzal escandinavos já são de tirar o fôlego por si só, mas unir isso, com o clima árido e frio para mostrar toda a austeridade do solo e das dificuldades de Kahlen em contraponto às cenas quentes e iluminadas do sucesso primaveril de Schinkel é um trabalho repleto de cuidado.


O enredo

O filme é baseado no livro “O Capitão e Ann Barbara” de Ida Jessen e acompanha Ludvig Kahlen (Mads Mikkelsen), capitão do exército alemão que depois de 25 anos servindo ao exército, resolve virar fazendeiro no Urzal, uma terra considerada pelo reino como uma terra inútil, imprópria para o plantio de qualquer coisa.


Kahlen oferece seus serviços, dizendo conseguir construir uma colônia, com fazendas prósperas em troca de títulos de nobreza e dinheiro para uma vida digna. Chegando lá, Kahlen enfrenta diversos desafios, a maioria deles causados por Schinkel (Simon Bennebjerg), o burguês mimado que diz ser dono daquelas terras.


Então Kahlen, com a ajuda do Padre Anton, Johannes, Ann Barbara e a pequena cigana Anmai Mur, tentam de todas as formas fazer aquela terra prosperar em suas colheitas e conquistar o seu espaço nas terras inóspitas dos urzais dinamarqueses, na Jutlândia.

O Bastardo - A meritocracia burguesa e a política corrupta

O roteiro

Começamos com Kahlen pedindo permissão à corte do Tesouro Real para cultivar naquelas terras em troca de título de nobreza. Eles riem, e dizem que está combinado, pois é impossível ele conseguir plantar algo por lá.


Depois da permissão concedida, Kahlen enfrenta os desafios da terra, dos saqueadores, mas principalmente, da burguesia local.


Logo de início já é notável a perseverança e teimosia de Kahlen, pois não importam as intempéries que surgiam, ele sempre seguia frio e focado em seu objetivo. Isso o ajudou a lidar com os chiliques de Schinkel e com os pequenos roubos do grupo cigano da floresta.

O Bastardo - A meritocracia burguesa e a política corrupta

Devo dizer que a primeira metade do filme, apesar de intensa, é lenta. Além de dar uma falsa impressão de final feliz logo no fim da primeira metade. Mas que bom que não foi assim que as coisas aconteceram. A segunda metade do longa é impactante, recheada de emoções à flor da pele, com direito a surtos de raiva e ranço do espectador em relação ao vilão da trama. 


O desenrolar cíclico e evolutivo da briga entre Kahlen e Schinkel é o que dá ritmo à história e faz as coisas acontecerem com cada vez mais intensidade e com menos preocupação em seguir as leis.


O elenco

Bom, não é surpresa pra ninguém que Mads Mikkelsen é o dinamarquês mais queridinho de Hollywood, e aqui ele brilha, em um elenco repleto de talentos.Amanda Collin entrega uma Ann Barbara convincente, apoiando muito bem o enredo principal e apresentando uma personagem complexa de uma forma segura. Ela se destaca perto da atuações mais fracas como a de Gustav Lindh (Padre Anton).


Mas preciso falar das verdadeiras estrelas do filme, que fazem o personagem de Mikkelsen ficar muito mais complexo e carregado de emoções.


E temos esse incentivo dos dois extremos: De um lado, Simon Bennebjerg desperta os sentimentos mais odiosos e hediondos com uma atuação lindamente asquerosa e sádica.  Mas por outro lado, temos a fofíssima e encantadora Melina Hagberg, que interpreta a pequena Anmai Mus, uma criança cigana, muito esperta e cheia de carisma, que traz os momentos mais bonitos e puros em uma dinâmica de pai e filha com o personagem de Mads Mikkelsen.

O Bastardo - A meritocracia burguesa e a política corrupta

Nosso veredito

O Bastardo é um longa que promete intensidade e cumpre com muita habilidade o que é proposto. É um filme lento, mas intenso, aquele filme pra ver no final de semana e sair com a cabeça cheia de pensamentos e emoções. Sofri muito, recomendo em dobro! 


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