Avatar - O Último Mestre do Ar (não confunda com o Avatar das pessoas azuis) é a nova série live-action da Netflix, a série baseada nos acontecimentos da animação da Nickelodeon segue o mesmo estilo de divisão de jornada, separada por “livros” de cada elemento. A primeira temporada da série é baseada no “Livro 1 - Água” e apresenta a jornada de Aang como Avatar, que depois de sair de um iceberg em que estava congelado, acorda 100 anos depois e acaba enfrentando um mundo completamente diferente, consequência do seu desaparecimento.
Como a primeira temporada foi um sucesso, já tivemos a confirmação de uma continuação e com isso começam as especulações sobre o que funcionou e o que pode melhorar para a próxima temporada. E é pra trazer esses pitacos e reflexões que eu tô aqui, então vamos lá!
Acertando o mais difícil
Essa série, por ser uma adaptação live-action, tinha um grande desafio, algo que é sempre presente nesse tipo de produção: a fidelidade. E isso meus amigos, foi a alma do projeto… Os figurinos, acessórios, representações culturais, similaridades físicas e comportamentais dos personagens são apenas algumas das características que demonstraram o carinho que foi colocado na produção dessa série.
Dentro dessa questão toda de fidelidade, é preciso diferenciar a ideia de reprodução e adaptação. Como uma adaptação, essa série funciona muito bem em vários aspectos, trazendo para o público, de forma condensada, muitos aspectos complexos da animação, deixando de lado alguns aspectos também muito importantes, mas trazendo outros para a trama.
Pra mim, uma adaptação bem feita, é aquela que amplia os horizontes da obra já existente, que traz novas visões, perspectivas e novos conceitos coesos com aquele universo. Um exemplo que eu gosto de dar sobre isso é a série Andor, do universo de Star Wars. A série trouxe ao universo, novas temáticas, que ao mesmo tempo trouxe reflexões muito dignas de Star Wars.
Avatar alcançou as expectativas nesse sentido, trouxe novas situações que expandem a relação da Azula (Elizabeth Yu) e Zuko (Dallas Liu), e até em coisas mais simples, a série adicionou uma nova história de infância de Aang e Bumi, uma cena curtíssima que acrescentou muito na relação dos dois, tanto no live-action quanto na animação. É isso, no quesito expansão, estrelinha na testa do Aang, pontinho pra Netflix.
Além de condensar algumas tramas e personagens de forma muito sutil e concisa, a série também acertou muito nas dobras de elementos e nos efeitos especiais. Considero aqui dar um destaque gigantesco para a cena espetacular da Avatar Kyoshi no episódio 2. Com coreografias plasticamente lindas, um ritmo digno de grandes cenas de impacto, a cena dá banho em grandes produções cinematográficas, a cena chama a responsa pra si como quem diz “Lembra daquela cena lamentável de dominação de terra do filme live-action? Aqui não!”
Errando no básico
Mas como nem tudo são flores de jasmim, precisamos conversar sobre o que é preciso melhorar para a segunda temporada para que essa série seja digna de fazer parte do “hall da fama” das adaptações live-action de sucesso.
Começando pelo ponto principal, na minha opinião, o ritmo.
Sabemos que não é fácil condensar o conteúdo de 23 episódios em apenas 8, ainda mais considerando trazer personagens da segunda temporada e adicionando novas tramas pra dentro desse bolo. Porém, é preciso falar sobre os saltos temporais, que afetam não só o posicionamento e imersão do espectador na história que está sendo contada, como também, confunde demais o aspecto da profundidade das relações entre os personagens. Afinal, é muito estranho quando um personagem está disposto a se sacrificar por alguém que ele conheceu a 2 dias, não é? Falta coesão, pois faltou tempo para apresentar em tela todas as situações e adversidades que fortaleceram esses laços entre os personagens.
Por mim, caberiam fácil, mais uns 3 episódios, com a intenção de reforçar mesmo essa proximidade entre os personagens. A série animada faz isso tão bem, que entre dois episódios acaba aparecendo um episódio específico onde a história se desenvolve ao redor de 2 personagens do time Avatar, justamente com a intenção de estreitar os laços entre personagens que até então, não tinham algo que os conecta. Isso faz com que o espectador tenha mais empatia e sentimentos pelos personagens em questão. O episódio “Os Atacantes do Sul”, episódio que aproxima Katara e Zuko é um dos mais conhecidos da animação e inclusive é o episódio que fez muita gente defender com unhas e dentes o shipp ZuTara. Essas micro conexões fazem falta no contexto final, quando você vê que os personagens aparentemente acabaram de se conhecer e já estão criando uma relação como se já tivessem a tanto tempo juntos.
Outro ponto que pode melhorar para a segunda temporada é a atuação do menino Gordon Camier, que interpreta o Aang. Não é só sobre a atuação, mas também como foi feita a direção de atuação na primeira temporada, muito do que é a personalidade do Aang foi descaracterizada, focando muito em um Aang mais sério e preocupado, deixando de lado o grande brilho do Aang que é sua leveza nas adversidades, brincando às vezes até em situações de luta.
O equilíbrio, os destaques e as adaptações
A série ainda precisa encontrar o equilíbrio entre fidelidade e originalidade, sem se prender a como precisa ser feito ou como precisa parecer e focando mais em como contar a história de forma completa, é claro que o público gosta de uma obra fiel, mas no fim das contas, abre o streaming pra ir atrás de ver uma boa história sendo contada.
Um dos pontos altos dessa primeira temporada, é a atuação do Dallas Liu como Zuko. Ele entrega demais, torna-se o centro da trama em vários momentos, e é fortemente apoiado pela relação com o Tio Iroh, interpretado por Paul Sun Hyung Lee (Capitão Carson Teva de O Mandaloriano).
Por fim, preciso dizer que algumas adaptações deixaram a desejar, como por exemplo, terem tirado os comportamentos machistas do Sokka, que se tornam um ponto de virada do personagem, e também faz parte da evolução da Katara como dobradora de água. Por falar em Katara, acho que todo o arco da Katara foi profundamente afetado pela aceleração temporal, do resumo em 8 episódios. A evolução da Katara como dobradora, diluída em 23 episódios do primeiro livro, torna-se algo muito mais natural, completo e aceitável, onde ela passa de um ponto onde ela estava aprendendo a controlar uma mísera esfera de água na Tribo da Água do Sul, até criar seus próprios movimentos e usar contra um mestre da Tribo da Água do Norte, onde mostrava estar pronta para treinar o Avatar a partir do segundo livro.
Apesar desses pontos, acredito que a série tem grande potencial de evolução, pois como eu disse, é uma temporada que acerta no que é difícil e erra no que é fácil. Se ainda não viu, vai lá assistir e vem esperar ansiosamente com a gente pelas melhorias da segunda temporada!
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