1917 (Sam Mendes)
Retratar a guerra enaltecendo supostos heróis e fazendo um dualismo entre o bem e o mal é uma das formas mais antigas de arte. Se voltarmos no tempo, conseguimos localizar obras de pintores como Anne Louis Girodet e Eugène Delacroix neste processo. Com o passar do tempo, surgem contestações a este modo nas telas de Francisco Goya e Pablo Picasso. Mas a grande chave aqui é que por mais distante que o mundo da arte possa ir, ela sempre volta para a destruição a modo de criar seus mitos e fortalecer o cerne do seu conjunto. Nos últimos anos, o mundo do cinema viu muito isto. Filmes de guerra que haviam perdido fôlego no começo da década começaram a ressurgir e varrer as premiações.
Dunkirk e O Destino da Uma Nação somados ganharam 5 estatuetas de Oscar e certamente o sucesso deste processo de recontar a história de glórias influenciou no processo de criação deste filme. Com uma proposta diferenciada, Sam Mendes criou este filme para que ele desse a impressão de acontecer em uma cena só. A longa corrida do soldado Schofield para salvar o 2º Batalhão do Regimento de Devonshire da morte iminente ganha áreas heroicos, cheios de mortes e explosões que tentam parar o soldado de chegar ao seu destino. Esta tentativa de transformar um soldado comum em uma espécie de Fidípides moderno, tem seu apelo com o publico e parece seguir uma receita de sucesso para agradar a academia.
Bold prediction: 1917 foi indicado em DEZ categorias diferentes. A maioria delas em aspectos técnicos, como Edição e Mixagem de Som, Design de Produção e Fotografia. Nos grandes prêmios, ele concorre a Melhor Filme e Melhor Diretor. Minha grande aposta vai nesta ultima categoria citada. Sam Mendes faz um grande trabalho criando uma linha cronológica cheia de ação e suspense e da ao filme um ritmo totalmente alucinante. Ao lado de Todd Phillips é um dos grandes favoritos a levar a estatueta de melhor diretor. Certamente tem minha torcida nesta categoria.
Era Uma Vez em ... Hollywood (Quentin Tarantino)
Se eu comecei meu primeiro review falando que Parasita era meu filme favorito desta geração e que isso definitivamente ia influenciar na minha análise – aqui eu preciso ser honesto também. Quentin Tarantino é meu diretor favorito e este foi provavelmente o filme que eu mais esperei para ver dentre todos os que estão na lista. Desde que foram saindo os trailers, não dava para ter uma ideia muito clara de como seria o roteiro e do que propriamente ele abordaria. Sabia-se que o filme se passaria na Hollywood dos anos 60, que envolveria o mundo das celebridades e consequentemente o infame caso entre a Familia Manson e a Familia Polanski. Mas para a surpresa quase geral, o filme não vai muito além. Ao contrário de quase todos os outros filmes do diretor, neste o final não é muito relevante para a história – não se comparado ao storytelling.
Era Uma Vez em Hollywood é justamente o que o nome já afirma – uma história. Ele não tem um proposito de te levar para algum lugar ou fazer uma releitura da história, muito pelo contrário. As quase três horas de filmes são uma carta de amor de Tarantino a seus fãs. Todos os aspectos marcantes do diretor como diálogos profundos, cenas caricatas, o encontro e desencontro das linhas de tempo e violência – em menor nível se comparado aos outros filmes, mas ainda sim, violência – estão lá. Este filme é um daqueles casos onde ou você ama, ou você odeia. No meu caso, certamente a primeira opção.
Bold prediction: Se formos considerar as premiações anteriores, a aposta mais segura certamente será Brad Pitt como Melhor Ator Coadjuvante, mas seria ingenuidade acreditar que este filme irá levar apenas uma estatueta para casa. Além de um diretor renomado, um elenco super querido da academia e uma história passando dentro de Hollywood, o filme foi indicado em dez categorias diferentes. Além da já citada, Melhor Diretor, Melhor Filme e Melhor Roteiro Original são apostas para se manter atento.
Ford vs Ferrari (James Mangold)
Filmes de esporte são provavelmente os mais difíceis de se analisar porque nunca existe um meio termo. Quem é fã, ama. Quem não é, odeia. Eu não sou necessariamente um fã de automobilismo, mas consigo entender porque a história foi indicada ao Oscar. Este filme, dirigido por James Mangold é uma adaptação de uma história real da corrida de Le Mans em 66. Após a morte de Henry Ford a empresa passou por queda de produção e começou perder valor de mercado. Pra reverter isto, a equipe de marketing sugere a compra de Ferrari. Essa negociação começa ir bem até que o dono da Ferrari rejeita quando descobre que a Ford pretende assumir as equipes de corrida da empresa italiana.
Ressentidos com a rejeição, a Ford resolve criar seu próprio carro de corrida e para isto coloca Carroll Shelby a frente da equipe de corridas. A história se desenvolve entre os dramas da Ford e do piloto Ken Miles. Analisando o contexto cinematográfico, não foi um dos meus filmes favoritos, mas tem seu valor notado pela academia, principalmente por ser um filme de esportes e que certamente agradou muito os fãs da modalidade.
Bold prediction: Se formos usar o SAG Awards e Globo de Ouro como termômetros de previsão para o Oscar, este será um dos filmes que sairão de mãos abanando. Indicados em quatro categorias, a mais provável é Melhor Montagem mas ainda sim está longe de ser favorito. Minha previsão é que o filme termina sem nenhuma estatueta no final da noite.
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