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Foto do escritorMaria Tosin

Priscilla: Sofia Coppola não cansa de acertar

Atualizado: 22 de dez. de 2023

A convite da O2 Play, assistimos ao filme Priscilla, dirigido por Sofia Coppola e que já está marcando presença no Globo de Ouro 2024 e com certeza estará no Oscar também. O filme chega aos cinemas no dia 4 de janeiro, mas já é possível assistir em algumas sessões antecipadas a partir do dia 21 de dezembro. Confira a seguir o que achamos!


Sobre o enredo

O filme é uma adaptação do livro Elvis e Eu, escrito por Priscilla Presley, mulher de Elvis Presley. A produção acompanha a adolescente Priscilla Beaulieu que acaba conhecendo o astro do rock, Elvis Presley, e acaba se tornando alguém especial para o cantor. Priscilla na época tinha 15 anos, uma menina ainda, enquanto Elvis já era mais velho. Ela vive um romance intenso com Elvis, mas o relacionamento não acaba sendo como ela sonhou, sendo a solidão e um poodle seus melhores amigos. Lembrando que tivemos um filme sobre a vida de Elvis ano passado, que garantiu o Globo de Ouro de melhor ator para Austin Butler. É importante lembrar que de nada se parece os dois filmes, são visões completamente diferentes, mas é possível notar alguns acontecimentos semelhantes entre os dois longas.


Sobre o roteiro

O filme nos leva a conhecer Elvis pela visão de Priscilla, uma jovem de apenas 15 anos que acaba se apaixonando por um astro do rock enquanto ainda está no colegial. É incrível ver como Sofia Coppola nos leva a entender o que se passa no coração de uma moça tão jovem que se sente completamente apaixonada por alguém e que acaba esquecendo diversos sonhos e desejos apenas para viver esse amor.


Em nenhum momento Priscilla passa uma imagem vulgar, ela é ingênua e apaixonada, infelizmente Elvis se aproveita disso para fazer o que bem entende quando está fora de casa. O que mais choca é ver que Elvis tirou Priscilla da família muito jovem, conseguiu sua guarda quando ela tinha 17 anos e depois disso Priscilla se tornou propriedade dele, ele escolhia suas roupas, cabelo e maquiagem, ela era sua boneca. Como acompanhamos no filme de 2022, Elvis era viciado em remédios e é claro que esse vício também estava sendo passado para Priscilla, que acompanhava o namorado em remédios para dormir e se manter acordada. É dolorido perceber que Priscilla não conseguia enxergar todos os abusos que sofria naquela época, tudo que ela abdicou para agradar Elvis, algo que ela só percebeu anos depois quando pede o divórcio após uma tentativa de estupro por parte do cantor. 

É difícil descrever o quão bem Sofia Coppola conseguiu retratar a visão de Priscilla sobre Elvis. Não é novidade que Sofia sabe melhor do que ninguém mostrar a força das mulheres e contar suas histórias, e não foi diferente em Priscilla.


Sobre o elenco

Confesso que inicialmente estava com receio de Jacob Elordi interpretar Elvis, conhecido pelo seu papel na série "Euphoria" e em romances como "A Barraca do Beijo", ele não me pareceu ser uma boa escolha, pois Austin Butler foi um ótimo rei do rock no filme “Elvis”. Minha opinião mudou completamente depois de assistir o filme. Jacob foi sim a escolha perfeita para interpretar o passivo-agressivo Elvis que Priscilla convivia, o ator fez uma ótima atuação e mostrou que havia várias camadas do rei do rock, mas que Priscilla só tinha acesso a algumas. Cailee Spaeny, que interpreta Priscilla, já havia marcado presença em outro filme aclamado: Vice, mas nesta produção ela foi incrível, mas é claro que figurino, cabelo e maquiagem ajudaram e muito em suas atuações, com certeza merecem indicações ao Oscar.


Sobre a direção de arte

Impossível falar de Priscilla sem citar a direção de arte, pois os cenários, looks, ambientes, tudo é muito bem produzido, as câmeras polaroids roubam a cena e tudo te transporta para os anos 60, fiquei até pensando se os cenários de “Elvis” foram reaproveitados para "Priscilla", pois há muitas semelhanças entre eles.

É possível notar o amadurecimento de Priscilla por meio das roupas, cabelo e maquiagem, a medida que os anos passam ela começa a retornar ao que era antes, com seus cabelos de cor natural, sem penteado, sem maquiagem preta nos olhos e usando roupas que antigamente Elvis dizia odiar. 


Nosso veredito

Priscilla é mais uma obra-prima feita por Sofia Coppola, alguém que entende as mulheres. Fico pensando se Sofia tivesse dirigido Blonde, quão incrível poderia ter sido o filme sobre Marilyn Monroe. De maneira brilhante e sensível, Coppola traz a realidade de Priscilla para as telonas e mostra que Elvis não foi tão incrível como as pessoas lembram do astro, muito pelo contrário, Elvis tirou Priscilla de sua família, a fez abdicar da carreira e de sonhos para que fosse apenas seu brinquedo. Com certeza o filme tem lugar garantido em algumas categorias do Oscar 2024.



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