Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal - A poesia por si só, não se sustenta
- Fabrizzio Laroca
- 17 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 18 de nov. de 2024
Fomos convidados pela Pandora Filmes para assistir a "Todas as estradas de terra têm gosto de sal", o mais novo longa da A24, da estreante diretora Raven Jackson que entra no universo dos longas com um cinema experimental, vem ver o que achamos!

Sobre o filme
O filme acompanha a vida de Mack, uma jovem negra dos anos 70 no Mississipi, que perde sua mãe e lida com o luto durante vários momentos da vida.
Esse é um filme contemplativo, que traz muito da experiência da diretora com poesia. Repleto de cenas com planos ultra fechados, com uma câmera tão próxima que chega a causar claustrofobia, e com um foco nas mãos que chega a causar estranheza em quem assiste, "Todas as estradas de terra têm gosto de sal" tem sua própria forma de contar história, mas não digo isso de forma a tratar como um elogio. O filme é confuso, se apoiando em um roteiro não linear, parece não ter planejado contar uma história, mas sim, mostrar várias pílulas de uma vida, sem intenção alguma de entreter o público com algo cativante, apenas bonito e contemplativo.

Os aspectos técnicos
A trilha sonora é quase inexistente, ganhando presença apenas no final, para enfatizar um acontecimento (nem tão impactante assim), mas a mixagem de som, traz sempre o som da natureza em evidência, deixando a ambientação mais preenchida e robusta, bem poético, como parecia ser a proposta do longa.
A fotografia é delicada em alguns momentos, profunda em outros, mas os incômodos prevalecem os takes de câmera fechados que causam desconforto no público em algo que aparentemente era pra ser intimista.
As atuações não se destacam, pois falta apoio do roteiro para isso, além de ser um filme com pouquíssimas falas. Por vezes era difícil até mesmo entender quem era a personagem em tela, pois os saltos temporais para frente e para trás sem explicação ou conexão alguma entre eles, não colabora com o entendimento da audiência.

Nosso veredito
Por fim, posso dizer que "Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal" provavelmente cumpre com o desejo da diretora, pois se apresenta como poesia pura, mas não daquela poesia bonita e de fácil entendimento, aquela poesia confusa e sem intenção nenhuma de contar alguma história. Uma pena, pois quando vi que seria uma diretora poetisa, esperava me surpreender positivamente! Quem sabe na próxima experiência da diretora, né? Ficamos no aguardo!
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