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  • Foto do escritorFabrizzio Laroca

Vermelho Monet: a arte do poder

Fomos convidados pela Pandora Filmes, a assistir Vermelho Monet, filme escrito e dirigido por Halder Gomes e que chega aos cinemas brasileiros no dia 09 de Maio (quinta-feira). O longa é uma parceria entre Brasil e Portugal e já vem ganhando as atenções em diversos festivais. O filme protagonizado por Chico Díaz, Samantha Heck Müller e a maravilhosa Maria Fernanda Cândido é um drama shakespeariano na sua essência, que logo de chegada, apresenta tramas profundas na relação entre os personagens, com um roteiro repleto de romances, loucuras e tragédias.

Vermelho Monet: a arte do poder

Antes de começar, preciso dizer: Vermelho Monet não é um filme comum, Halder Gomes capricha e estreia no mundo dos dramas com grande estilo. Vermelho Monet é uma carta de amor às artes e uma crítica profunda à mercantilização da mesma. 


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Sobre o enredo

Johannes Van Almeida (Chico Díaz) é um pintor de um talento inigualável, que por algum motivo nunca foi reconhecido pelo público como tal. Infelizmente seus dias como artista estão contados, por conta de uma doença degenerativa nos olhos, que está fazendo com que Johannes deixe de enxergar cores, com sua visão indo tragicamente rumo ao preto absoluto.Mas no que aparentam ser seus últimos momentos como pintor, Johannes encontra um motivo e uma inspiração para criar aquela que pode ser sua obra prima. Florence Lizz (Samantha Müller), uma jovem atriz brasileira que está desbravando território português, atuando em um filme europeu e passando por todo o processo de aprendizado do sotaque do país e seus trejeitos.

Por fim, a trama apresenta a responsável pela conexão entre esses dois mundos: Antoinette LeFévre (Maria Fernanda Cândido) uma marchand de arte mundialmente reconhecida, muito procurada por entusiastas e colecionadores. Antoinette tem uma relação afetiva com Florence e a conquista entre elas está presente em um jogo constante de poder e sedução, onde Antoinette, com a experiência de uma mulher astuta e engenhosa, age quase como se fosse uma predadora, que brinca com sua presa antes do abate. Uma personagem que apesar da sua fachada como comerciante de arte, logo demonstra ser algo mais do que apenas isso. 

Vermelho Monet: a arte do poder

O texto e a arte

O texto é profundo, poético e denso. Apesar disso, não existe nada nele que o torne algo inalcançável, rebuscado ou que chegue ao ponto de entrar naquela prateleira cult, feita apenas para cinéfilos e apreciadores. Muito pelo contrário, as falas enriquecem o contexto, fazem a história se desenrolar e fluir de forma natural, falas que passeiam das mais artísticas falas de um pintor obstinado e completamente perdido nos próprios pensamentos até uma conversa coloquial, completamente pautada em conversas do dia a dia.



Em um certo momento, Florence diz para Antoinette que ela devia ser uma alquimista, pois ela tem “o poder de transformar qualquer merda em arte.” O que parece ser uma frase simples e corriqueira dentro de uma conversa boba, demonstra ser o ponto principal de todo o filme, onde a arte é tratada por uns, como a transposição de sentimento, por outros como algo bonito que se pendura na parede e principalmente, tratada por Antoinette como um recurso de riqueza e poder.


A fotografia

Vermelho Monet: a arte do poder

A fotografia dirigida por Carina Sanginitto, apresenta uma qualidade de encher os olhos, uma fotografia que além de ser bonita, conta uma história por si só. Toda essa beleza funcional, apoiada pela incrível direção de arte de Juliana Ribeiro, faz com que o próprio filme cresça em sua essência, mostrando uma arte que nos conta algo belo, cru e trágico. Toda essa construção se destaca ainda mais quando estamos vendo o mundo sob a ótica de Johannes, quando viajamos pelo mundo em preto e branco, entre as manchas pretas que insistem em dominar e a luta contrária do próprio artista em tentar, mesmo que a partir da memória, seguir enxergando as cores que tanto representam para ele.


O elenco

É lindo ver dois nomes gigantes da atuação trabalhando em um projeto tão cheio de coração como esse. Chico Díaz já chamava muita atenção desde os seus papeis nas novelas da Globo, mas a força com que ele interpreta Johannes, é provavelmente um dos pontos altos da carreira do ator. Johannes exala a energia do artista fracassado, angustiado e desistente. Díaz interpreta um artista moribundo e viciado de forma elegante, o ator brilha e rouba a cena sempre que está na tela.Samantha Heck Müller é uma grande e agradável surpresa, não é qualquer um que contracena com esses dois e segura as pontas da forma que essa jovem atriz fez. Müller transita da existência pacífica, bela e leve de uma modelo posando para um quadro, para uma atriz voraz, enérgica e cheia de artimanhas na busca de conquistar o que deseja, tudo isso em apenas alguns minutos de tela.



Agora chegou o momento, preciso falar sobre a grande estrela desse filme: Maria Fernanda Cândido.

A atriz demonstra não só uma tremenda versatilidade na atuação, como também dá uma aula de interpretação em diversas línguas! Esta mulher atua constantemente passeando com naturalidade entre português, francês e inglês, isso sem falar que em alguns momentos ela falou mais uns 3 idiomas, fazendo parecer muito fácil!


Vermelho Monet: a arte do poder

O veredito

Vermelho Monet surpreende por apostar no drama shakespeariano e se arrisca ao temperar a trama com doses desconcertantes de sensualidade, o filme entrega um roteiro mais denso do que aparenta prometer, e no fim das contas, faz com que toda a história ganhe mais cores, nuances e brilho para o meio do longa. É visível todo o carinho pelas artes e toda a dedicação do diretor e de todos os envolvidos, para que o produto final fosse algo digno de toda essa paixão.Acredite, o cinema brasileiro vive e brilha e Vermelho Monet vem para colorir ainda mais essa prateleira já recheada de belos filmes. Corre lá garantir o seu ingresso!



©2019 por pippoca.

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